quinta-feira, 15 de outubro de 2009

pra um dia de quinta

SE NÃO HOUVER FRUTOS
VALEU A BELEZA DAS FLORES
SE NÃO HOUVER FLORES
VALEU A SOMBRA DAS FOLHAS
SENÃO HOUVER FOLHAS
VALEU A INTENÇÃO DA SEMENTE.



'seria se contentar com pouco? Ou com o que tem ... ?
o mundo gira cada vez mais veloz
e enquanto este está em guerra por paz,
não me pergunte o que eu quero da vida .'


na vitrola : Roberto Carlos . . .

terça-feira, 13 de outubro de 2009

quase um carpe diem

Tomara que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho
Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz
E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...

(por Vinicius de Moraes)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Eu li e gostei "DEMAIS"

cada vício exposto sem rodeios nas rodas, nos encontros, nos bares. deixar meus trejeitos inflamarem no brilho das telas nos computadores do meu quarto. a tranqüilidade de ser uma só e sempre a mesma, seja às colegas, a avó cristã, ao chefe ou ao analista. Falar alto dos meus mais entranhados medos, e deixar ao capricho do acaso as cartas, os e-mails, as opiniões. Publicar desejos indiscretos num receio vertiginoso de que os vínculos mais leves se afastem assustados por uma verdade que é tão comum, e se desmanchem em fofocas vazias. E deixar que me descubram despida de máscaras, sem educação, sem limites. feito um menino espreitando a prima mais velha, entregar-me à concupiscência de observar pelo buraco da fechadura o novo amor no meu quarto, meu diário aberto no colo, numa leitura tão afoita quanto constrangida. deliciar-me nos seus rostos de susto, vê-lo enraivecer a cada confissão, a vontade de fugir agitando os seus pés sobre o tapete cor-de-rosa. e, sem entender nem consentir, vai se apaixonando a cada página, muito de mim numa overdose indefensável.Render-me ao deleite de pulsar nos lábios de quem descobre muito de mim em pouco tempo, e me dilatar nos olhos de quem esperava uma fantasia discreta de uma moça que quer ser aceita, mas encontra a indecência de quem não tem absolutamente nada a esconder. sentir o vento gelado ao escancarar a própria vida. pulverizar minha intimidade em metralhadoras e alto-falantes. derreter-me sob o calor dos olhares na pele tão transparente, e o encanto de me confiar, inerme, à curiosidade invasiva de quem quer que seja. depois de tanta revelação, vulnerável ré de minha autenticidade, poderei alegar, realizada, aos berros, às gargalhadas, que só disse a verdade, nada-mais-que-a-verdade. e os que ali me julgarem guardarão, em suas pesadas consciências, a plena noção de que condenam a verdade em prol de sua própria e sempre viva hipocrisia.